Para quem mora na cidade, é difícil imaginar viver sem ser bombardeado por novas informações a cada segundo. No entanto, em uma vasta região do país, a Amazônia, há populações que vivem isoladas, sem telefone e internet. São os povos ribeirinhos e aldeias indígenas que, somados, alcançam uma respeitável população de seis milhões de habitantes.
Até pouco tempo, o principal veículo de comunicação que abastecia esses brasileiros com informações era a Rádio Nacional da Amazônia, que transmite em ondas curtas direto de Brasília, onde uma equipe de jornalistas, radialistas e técnicos fornece informações voltadas especificamente àquele público. A rádio pertence à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), organização pública que em 2008 sucedeu a antiga estatal Radiobrás.
A Rádio Nacional da Amazônia já vem sofrendo há muitos anos problemas de manutenção, principalmente nos transmissores de ondas curtas nas frequências de 6180 e 11780 kHz, em 49 e 25 metros, respectivamente. A plena capacidade, de 250 kW em cada canal, já estava reduzida para 180 kW há muito tempo. Muitas vezes, um canal saía do ar, mas pelo menos o outro seguia em funcionamento.
No entanto, a situação nunca foi tão grave como agora. Em 20 de março deste ano, há mais de cinco meses, portanto, raios atingiram a subestação que abastece de energia elétrica o Parque do Rodeador, a 50 quilômetros do centro de Brasília, onde estão as antenas voltadas à Região Norte do país. Até agora, nenhuma providência prática foi tomada para reparar os danos. A transmissão foi mantida apenas na internet e via satélite, para quem possui antena parabólica. Mas o povo do interior da Amazônia se liga mesmo na rádio é por meio do velho rádio de pilhas.
Os ouvintes, sentindo-se abandonados, começaram a reclamar nos programas em que há a participação ao vivo por telefone. Em maio, uma manifestação de repúdio à desativação da emissora foi enviada por 15 lideranças de ribeirinhos e indígenas à direção da EBC, com cópias à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e à equipe da rádio. (Veja a reprodução acima.) No entanto, a direção da EBC permanece muda sobre o assunto.
- Associação de Moradores da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio
- Associação de Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri
- Conselho Ribeirinho de Belo Monte – Altamira
- Associação Indígena Pyjahyry Xipaya
- Associação Indígena Tukaya Etnia Xypaya
- Associação Sementes da Floresta
- Povo Arara da Cachoeira Seca
- Povo Xikrin do Bacajá
- Povo Kuruaya
- Parakanã da Terra Indígena Apyterewa
- Associação Remanescente de Quilombolas de Oriximiná
- Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu
- Cooperativa Alternativa Mista dos Pequenos Produtores do Alto Xingu
- Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
- Instituto Kabu (Povo Kayapó Mekrangnoti)
- Associação Floresta Protegida (Povo Kayapó Terra Indígena Kayapó)